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Que me desculpem os brutos, mas leveza é fundamental

A palavra leveza pra mim tem um significado pra lá de especial. É algo que aprecio tanto que quando falo ou ouço, o que escuto mesmo é o som da palavra de sua irmã mais velha: beleza. Irmãs? Nada mais explica essa proximidade tão gigante dessas duas joias raras do nosso dicionário. A leveza tem uma beleza que é contagiante. Por onde ela passa, é capaz de deixar tudo ainda mais belo. Com leveza, transformamos rochas em plumas, em brisa e em sorrisos.

Digo isso, claro, depois de machucar o pé uma infinidade de vezes tentando chutar os problemas para bem longe. Depois de uma caminhada de mais de 30 anos, entendi que meu dedão do pé estourado, depois de chutar uma pedra, não vai me ajudar em nada a superar os obstáculos. Aquela pedra no caminho que Drummond não nos deixa esquecer, para mim serve mais como alerta de que elas existem, lógico, e não há como fugir, mas se eu der a ela o peso de uma pluma, a coisa muda na balança.

O prazo da pauta que estourou, o relatório pra entregar, as compras do supermercado que teimam em ficar apenas na lista de papel, o carro que precisa de uma revisão, a visita aquela amiga que teve bebê, tudo isso dá até para administrar bem na correria do dia a dia. Até ai, tudo normal. Você corre, mas consegue. A dificuldade de manter a calma vem quando surgem os contratempos, aqueles “extras” que você não esperava: o filho que ficou com dengue numa semana bem puxada de trabalho, o irmão que chegou de viagem e você teve que guardar pela enésima vez a lista de compras, o carro que te deixou na mão (tai uma pedra que você mesmo colocou na estrada porque afinal você não cumpriu o prazo da revisão). São esses contratempos que, se não houver leveza para encara-los, a casa cai.

O que faz o alicerce ficar firme e não deixar tudo ir ladeira abaixo não é simplesmente chutar a pedra pra bem longe, de raiva, mas a lição de que encarar os contratempos com mais tranquilidade nos possibilita, inclusive, resolver tudo mais rápido. E onde está a beleza de tudo isso? Um sorriso calmo e tranquilo é bem mais bonito que uma cara fechada. Não é nada agradável ver quando alguém fica irritado e sai aos berros diante dos imprevistos. Quando percebemos que alguém próximo de nós encara com serenidade as intempéries da vida, levamos é uma baita de uma lição. E quando aprendemos a sorrir e rir dos contratempos, temos mais tempo para curtir o lado bom e belo da vida.

*Luciana Modesto 

Mãe de Artur, já plantou uma árvore e quer ainda escrever um livro. Entrou num regime justo quando os supermercados estão abarrotados de ovos de páscoa, mas ela quer emagrecer e ficar leve como uma pluma.

 

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