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Mais do Mesmo?

Dos novos chavões e expressões que se embrenham no nosso vocabulário e protagonizam nossas opiniões (involuntariamente), “Mais do Mesmo” é uma das que eu chamo de Tiro no Pé. Justamente por seu significado não ser tão nítido quando o “Pior” (que na verdade significa melhor, mas dispensa tradução). Esta outra vem quase sempre depois de uma contração dos lábios e após um arquear de sobrancelhas. Mais do Mesmo, é, no senso comum, o ápice da redundância-cansativa-e-sem-expressão, é um obvio ululante e passivo.

Mais do Mesmo é aquela vizinha que te dá bom dia todo santo dia com o intuito de puxar papo, mas você – para não ser deselegante – balbucia alguma onomatopéia enquanto cruza por ela olhando para o celular.

Parece que as pessoas estão cansadas do “Mais do Mesmo”. Preferem alguma coisa de diferente. E até abrem mão do “mais” por isso. É como o “Look do Dia”, a novidade de hoje vira o “mesmo” de amanhã e assim vão se descartando objetos, idéias, valores, pessoas… Na padaria, o pão francês é tão “Mais do Mesmo” que agora pedem brioche (e o colocam na berlinda, sem escrúpulos). Ignora-se que é justamente aquele pãozinho que dá e deu o sustento matinal para milhões de pessoas.

E assim, na ânsia do novo, cultiva-se o vazio. Ora, qual o problema de se querer Mais do Mesmo amor? E desejar Mais do Mesmo abraço apertado? Ou Mais do Mesmo trabalho que traz realização… Mais do Mesmo amigo que oferece aquele ombro…. E Mais do Mesmo sono quando se está cansado? Como recusar o Mais do Mesmo, se é justamente isso que se deseja diante daquele pedaço de cheese cake com calda de frutas vermelhas e chantilly?

Lamento aos que se cansam do Mais do Mesmo, mas eu sempre vou querer mais do mesmo daquilo que me faz bem.

 

*Renato Lima já tocou campainha e saiu correndo, vendeu limonada na calçada e quis ser circense. Hoje é jornalista, estudante de psicologia, chato, mas continua curioso.

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