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Seja bem vindo Março!

Março chegou. E por ser nascida em março este foi, desde sempre, um mês especial. É o mês dos beijos, das festas, dos presentes. Mês dos artísticos, sensíveis e festeiros piscianos. Mas foi já bem mais velha que eu fui descobrir uma importância ainda mais abrangente para março. É agora, principalmente nesses primeiros dias do mês, que uma parte das mulheres e dos homens dá voz a luta pela igualdade de gênero.
Sou neta de uma divorciada. Minha avó viveu, talvez o melhor termo seja enfrentou, um ‘desquite’ no fim dos anos 40. Como desquitada precisou fechar-se: nunca mais festas, nunca mais um sorriso, uma viagem, nunca mais felicidade.  Uma mulher só podia ser feliz ao lado de um homem. Só merecia respeito através do homem, só seria bonita bem tratada por um homem. Nada seria uma conquista dela. Nenhum reconhecimento.
Minha avó, moradora de uma fronteira machista entre o Brasil e o Paraguai seguiu a risca o que esperavam dela. Atacou a vida com trabalho num ofício de mulher: costureira. Criou seu único filho de forma austera e conquistou a benevolência da sociedade que tolerava sua condição. Ela, também machista, recebeu agradecida tal tratamento.
Hoje avançamos, é fato. Mas ainda é fácil escutar: “isso não é coisa de mulher”, “menina não pode fazer isso”. O machismo é irraigado e, pra mim, irritante. Uma forma de pensar presente entre homens e, também entre mulheres. As pessoas reproduzem conceitos sem pensar. Reforçam padrões sem questionamentos. E quem pensa que o machismo faz apenas mulheres vítimas está enganado. Homens são escravos de padrões machistas. “homem não chora”, “homem não dança”, “homem tem de ganhar mais”.
Preconceitos que geram violências diárias. Homens de um lado. Mulheres de outro. Por isso ainda precisamos de março. Março ainda cumpre o dever de romper preconceitos. Março deve ser menos festivo e mais reflexivo. Menos parabéns e mais consciência intima e individual de seu comportamento. Precisamos nos libertar de rótulos e expectativas, entender que cada um é único em sua expressão e que a felicidade está em exercer sua condição na plenitude.
O ser não pode ser ofensivo. Nenhuma expressão precisa atacar o outro. Março não é cor-de-rosa, não é lilásinho como alguns querem dar a entender. A mulher não é assim. A mulher não é assado, assim como os homens também. Sejamos livres. Seja bem vindo Março!

*Luciane Mamoré

Jornalista, pisciana, ex-bailarina, mãe da Júlia, 26 anos sem tomar refrigerante, apaixonada por sopa!!!  Adora dançar, viajar, cozinhar e de vinho, acredita em terapia e em homeopatia unicista.

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