Marketing, Inclusão e Diversidade

Autor(a): Laureane Schimidt

O marketing inclusivo é uma estratégia para engajar e alcançar indivíduos de todos os contextos e grupos demográficos. O novo nome ocupa espaço de uma mudança marcante na maneira como indivíduos e empresas encaram o Marketing e a Publicidade. A inclusão e a quebra de estereótipos têm se tornado temas cada vez mais presentes tanto no discurso quanto nas práticas empresariais.

De acordo Patricia Artoni, professora na FIA Business School e colunista do Jornal da Comunicação Corporativa, a definição de marketing inclusivo trata-se de uma abordagem que desafia os pressupostos tradicionais sobre consumidores e busca aumentar a representação de pessoas diversas. Mais do que apenas segmentar o mercado com base em características étnicas ou culturais, essa definição reconhece a importância de contar histórias autênticas que reflitam a verdadeira diversidade de nossa sociedade.

Entre os objetivos centrais do marketing inclusivo estão: refletir a diversidade presente em todas as comunidades, dar voz às histórias daqueles que muitas vezes são negligenciados e confrontar os preconceitos culturais enraizados em narrativas sociais padronizadas. Isso significa que o marketing inclusivo vai além de simplesmente lidar com números ou estatísticas demográficas; trata-se de reconhecer a humanidade em sua totalidade e celebrar as experiências únicas de cada indivíduo.

Yeltsin Jacques – Crédito arquivo pessoal

Afrodescendentes, indígenas, membros da comunidade LGBTQIA+, pessoas com deficiência, pessoas de baixa renda e idosos são alguns exemplos, no contexto brasileiro, de grupos que historicamente são sub-representados em várias esferas, incluindo o Marketing e a Publicidade.

Além de ser uma questão moral e ética, o marketing inclusivo também se tornou um imperativo de negócios. As organizações que conseguem ouvir e responder de forma genuína às necessidades e aspirações dos diversos grupos de consumidores têm uma vantagem competitiva significativa. Elas não apenas conquistam a lealdade dos clientes existentes, mas também abrem portas para novos mercados que anteriormente eram negligenciados.

No entanto, é crucial compreender que o marketing inclusivo vai além de simplesmente aumentar a representação. Não se trata apenas de fazer o que é certo; é uma estratégia inteligente para o sucesso a longo prazo. Empresas que adotam o marketing inclusivo não apenas causam um impacto social positivo, mas também demonstram sua relevância e sensibilidade às mudanças culturais e sociais em curso.

 

E as Paralimpíadas?

O Brasil levou sua maior delegação de atletas da história para competir nos Jogos Paralímpicos Paris 2024 com 255 esportistas. No histórico brasileiro, ainda sem contar as medalhas em Paris, são 373 medalhas em todos os Jogos Paralímpicos. O cenário favorece a consolidação de patrocínios nos anos recentes pressionadas pela sociedade a adotarem políticas e práticas de inclusão. Para Marcelo Paganini, professor de gestão e marketing esportivo na ESPM-SP, em artigo para o site Meio e Mensagem, o interesse do público nos Jogos Paralímpicos é crescente por dois fatores: o primeiro é que, desde 1988, tanto a Olímpiada quanto a Paralimpíada acontecem no mesmo local, o que permite que a mídia crie uma narrativa esportiva integrada de longo prazo. No segundo ponto, Paris está sendo um ponto de virada quando se trata de inclusão por causa da comunicação oficial e das campanhas das marcas. As empresas trouxeram em uma mesma plataforma os atletas de alto rendimento de ambas as competições. Além disso, o especialista aponta que o desempenho dos atletas será o principal motor que levará investimentos privados para o esporte. A melhor campanha do Brasil foi em Tóquio 2020, quando conquistou 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes, ficando entre os sete primeiros colocados no quadro de medalhas. De acordo com o Comitê Paralímpico Internacional (CPI), a Paralimpíada de Tóquio teve audiência acumulada de mais de 4,25 bilhões de pessoas.

Fernando Rufino – Crédito Fundesporte

Patrocínio dos Jogos Paralímpicos

Atualmente, a legislação brasileira garante que cerca de 3% da arrecadação das loterias seja destinada ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) (37%) e ao Comitê Olímpico do Brasil (COB)  (63%). Valores que dão segurança para o CPB continuar seus projetos, além disso, a cada ciclo que passa, a iniciativa privada se mostra mais interessada em estar ao lado. O comitê tem como estratégia não ser dependente unicamente do dinheiro público, mas fazer com que as marcas criem produtos licenciados. Nesse ciclo, o comitê conquistou um novo apoiador e chegou a sete. Ao mesmo tempo, o CPB estreitou laços com outras empresas para a criação de coleções de roupas para pessoas com deficiência. O público espera que as empresas que apoiam o evento tenham compromisso real com a inclusão e a diversidade, e não apenas que utilizem o evento como oportunidade de marketing.  O patrocínio é uma excelente oportunidade para a conexão de forma autêntica com as pessoas, fazendo parte das conversas do momento e celebrando o espírito esportivo e a brasilidade.  Esse envolvimento das marcas nos Jogos Paralímpicos é cada vez mais estratégico e significativo para que utilizem a competição como uma plataforma para promover inclusão e diversidade, alinhando as campanhas com valores sociais que ressoam profundamente com o público. As campanhas não podem mais ficarem no simples patrocínio precisam criar iniciativas impactantes que celebrem a diversidade e inspirem a sociedade como um todo com histórias que destacam as habilidades extraordinárias dos atletas e as jornadas de superação, desafiando preconceitos e estigmas associados às limitações físicas. As plataformas digitais ajudam a amplificar essas mensagens, direcionando os conteúdos personalizados que ressoam com os valores e interesses dos consumidores. As redes sociais, por exemplo, permitem a criação de comunidades em torno de causas importantes, fortalecendo a conexão entre as empresas e os consumidores que compartilham desses valores. Essa prática não apenas promove a lealdade entre os clientes, mas também contribui para a construção de uma reputação ética e duradoura.

 

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